terça-feira, 2 de março de 2010

A música no desenvolvimento psicomotor das crianças

O despertar psicomotor começa no jogar, ou seja, na ação do brincar. A criança é por natureza ativa. A necessidade de movimento esta intimamente ligada às exigências de seu desenvolvimento físico e psíquico. Pallares, p7. 1981. O lúdico, bem como tudo que concerne brincar, jogar, brincadeiras, atividades, jogos, constituem as nossas funções e nosso viver. Olhar uma criança jogando é a oportunidade privilegiada de se compreender o fenômeno do sensível e do inteligível, do intrínseco e extrínseco, do físico e do espírito, enfim, do corpo e da alma. Brincar para nós não é ludicidade, é necessidade. (...). No jogo da vida ganhamos e perdemos algo em cada ação, por mínimo que seja.(...). Velasco, p 17.1996. Através do jogar a criança se comunica, se entusiasma, anda, trepa, lança, carrega, pula, rola, balança, bate, gira, enfim, inumeráveis movimentos ela realiza organizando suas experiência no espaço e no tempo, por serem ações indispensáveis ao seu processo evolutivo . Pallares, p7. 1981. Segundo Pallares a criança as realiza com rendimento e alegria, por que é motivada pela própria exigência de sua natureza. Todo movimento espontâneo da criança obedece necessariamente a uma organização individual, a um ritmo próprio, ou seja, cada ação decorre da construção do vocabulário psicomotor que cada individuo adquiriu, abstraiu e construíu. Esse processo começa desde os primordios estímulos neurofisiológicos da mãe para o embrião. Somos seres motores em corpos locomotores. A motricidade não é um movimento qualquer, é expressão humana. O pensar não é mais importante do que acariciar. O cérebro representa o que a mão pega e mão o que o cérebro deseja. Velasco, p17. 1996.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A origem do carnaval de Porto Alegre

Na história do carnaval de Porto Alegre, temos como marco inicial a influência do entrudo, tal brincadeira popular e ingênuamente estúpida introduzida no país pelos portugueses.
Segundo Heitor Carlos Sá Britto, o carnaval do entrudo após anos de proibições e liberações, perdera seu uso com surgimento das Sociedades Esmeralda e Venezianos, em meados de 1870. Essas duas sociedades eram proveniente do modelo carioca, onde as elites no Rio de janeiro em meados de 1830, começaram a copiar carnaval de paris, seguindo o formato dos bailes de mascaras, bailes a fantasia ou Bals Masques, as Sociedades Carnavalescas, também chamadas de Clubes Carnavalescos, Grandes Sociedades, ou simplesmente Sociedades, são as primeiras manifestações históricas que redundariam na criação do carnaval de Porto Alegre.
Por volta de 1900 Os venezianos e Esmeralda desbancam o entrudo de vez e mudam o rumo do carnaval em Porto Alegre. Dividida nas cores vermelho e branco, os Venezianos apresentavam um saudável carnaval de salão. No mesmo contexto festivo, a sociedade Esmeralda de verde e branco, também proporcionava excelentes bailes carnavalescos. A disputa entre as mesmas seria evidente, e na simpatia para com seus públicos conquistavam adeptos até do futebol, como fez os Venezianos, congregando suas cores com a Fundação do Sport Club Internacional, em meados de 1909.
O fato fundamental para com a história do carnaval de Porto Alegre, parte daqueles que não se simpatizavam com o carnaval de salão e prestigiavam de certa forma o carnaval proporcionado na rua, onde alguns locais na cidade, era de assídua aglomeração.
Na historia do nosso carnaval gaúcho os bairros Cidade baixa (Menino Deus, Azenha), Colônia Africana, (atual bairro Rio Branco), Bairro Santana e vizinhança, são os primeiros e principais focos do carnaval de rua da cidade.
Através dos bairros pobres, como o "Areal da Baronesa" , assim chamado por ser na beira do rio, uma praia, posteriormente aterrada , onde hoje é a Praça Conego Marcelino, na qual tem esse nome por antigamente pertencer a Baronesa (esposa do Barão de Gravataí), surgira o que caracterizamos de carnaval mais popular.
Fato inportante do Areal, estava no grande numero de negros que ali fixara residência, pois retratava de certa forma territorialidade dos escravos após a abolição da escravatura. Sem saber para onde ir as comunidades negras se estabeleceram nestes locais e ali concentraram sua cultura, bem como seus costumes, festas, tradições etc. A partir de 1930, o Areal tornara-se, digamos assim, a "nata" do Samba, um grande reduto negro carnavalesco que com o passar dos tempos foi concentrando grandes grupos de manifestações populares. Segundo os especialistas, já se tem noticias na época de alguns nomes dos grupos de carnaval: Ases do Samba, Nós os Comandos, Seresteiros do Luar, Nós os Democratas, Viemos de Madureira, Tô com a vela e outros.
Há nível histórico o Areal é uma referência importante do carnaval de Porto Alegre, pois dera origem á vários grupos carnavalescos, como Os Imperadores do Samba, bem como os primeiros coretos populares de bairro, Os Caetés "primeira tribo carnavalesca" e principalmente ao primeiro Rei Momo Negro da cidade, o Rei. Negro, conhecido na época por (Seu Lelé). Dentre essas manifestações populares carnavalescas importantes no contexto histórico do carnaval cidade, foi o surgimento das Tribos carnavalescas .

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Nosso Som brasileiro

O povo brasileiro sempre foi musical. Três raças contribuíram para eclosão da musica brasileira. O índio dentre outras relevâncias significativas, teve importante influência nesta estrutura e composição da nossa música. A partir de uma gama de palavras nativas, organizou-se com o passar dos tempos um rico e diversificado vocabulário, muito usado, expresso, sentido e interpretado nas mais variadas canções, gêneros, ritmos, folguedos pelos cantos do Brasil.
O negro imprimiu um ritmo acentuado, extrovertido, sensível, forte, intenso, entretanto suave aos ouvidos mais apurados. Dos milhões de negros, que entraram no Brasil tiveram papel de destaque na formação da alma e sentimentos brasileiros. O que seria da música brasileira sem o caráter dramático, feiticista e intuitivo do africano que se exprime quando tocado, dançado, invocado, louvado, amado, enfim, como explicar a harmonia e melodia extraída dos diversificados instrumentos musicais pelos músicos negros que nunca estudaram música?
A influência branca, isto é, tanto portuguesa, espanhola, quanto francesa, italiana e outras imigrantes, também contribuíram no contexto musical. Segundo Mário de Andrade, os portugueses fixaram o tonalismo harmônico. De Portugal vieram os instrumentos e a literatura musical europeia. Por intermédio dos espanhóis abstraímos boleros, fandangos, habaneras e zarzuelas. Com os latinos-americano conhecemos o percón e posteriormente o tango. Dos italianos, incorporamos a valsa. Dos escoceses e poloneses, conhecemos o xótis e a polca.
Apesar do rico material etnocultural, sofremos forte influência do jazz-norte americano, e nos iludimos na tentativa de um novo gênero, bem como uma música que representasse o som Brasileiro definitivamente, que tivesse reconhecimento maior e repercutisse mundo afora. De certa forma rotularam uma espécie de jazz-brasileiro, com o intuito de legitimar nossa música. Logo denominaram um novo som de Bossa Nova. A imitação por um lado deu resultado, mas por outro, não ostentou o som brasileiro. Contudo, todo chover sucessivo de liras populares estrangeiras sobre o povo brasileiro veio alimentar-lhe, ainda mais, o pendor pela musica. Todo esse copioso e variadíssimo material, amalgamou-se, e no ultimo quartel do século XVIII, produziu os primeiros espécimes eruditos da musica brasileira.
Hoje, século XXI uma vasta gama de sons se propaga em cada canto do país. Cada ritmo, harmonia e melodia etnocultural, tem sua sinfonia fundamental no pentagrama da Musica Nacional Brasileira, esta dita e conhecida muita vezes como MPB. Portanto, eis aqui o nosso som, o nosso ritmo, a nossa batucada, a nossa alma, o nosso sentimento, o nosso coração, a nossa irreverência, a nossa contribuição musical negra neste imenso país.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Colônia Africana - Um reduto carnavalesco de Porto Alegre

A "Colônia Africana", assim chamada, era um local da cidade que retrata também, o contexto histórico do nosso carnaval Portoalegrense. Uma característica importante é que lá, também era o local onde negros libertos foram morar após abolição.
Assim, como no Areal, surgiram da Colônia grupos carnavalescos que de certa forma contribuíram para difusão e propagação do carnaval popular da cidade. Da colônia Africana surgiram grupos carnavalesco importantes para história. Podemos citar alguns, como Aí-vem-a-Marinha, Prediletos, Embaixadores, Namorados da Lua e muitos outros que estão perdido na memória.
A Colônia Africana era o bairro do famoso Salão Modelo (tambem chamado do Ruy), situado na esquina entre as ruas Casemiro de Abreu e Esperança. Com exploração imobiliária, a Colônia aos poucos foi perdendo seu espaço. Para termos uma idéia da quanto a negritude foi lesada, hoje o local é conhecido com nomes pomposos como bairro Rio Branco, Mont´Serrat e adjacências. O fato é que os negros foram expulsados discriminadamente desses lugares. Exemplo, vivo dessa máquina mutiladora chamada "Opressão" encontramos com a territorialidade da Familia Silva , no Bairro três figueiras, onde a população vizinha constantemente oprime para com sua saída do local.  
Os grupos, corsos, ranchos, tribos, agremiações, pessoas, simpatizantes, admiradores, fundadores, organizadores e tudo que concerne no carnaval de rua da cidade, como os locais etnoculturais, são marcos importantes e fundamentais no contexto histórico do carnaval de Porto Alegre. É lamentavel que muitas das culturas populares estejam extintas da nossa atualidade.
Nosso carnaval Portoalegrense como vimos nas postagens anteriores, vem evoluindo no sentido de transformações estéticas, espetaculares etc, mas perdendo muito sua beleza maior, a identidade de carater popular. Não estou generalizando, mas explicitando fatos ocorridos, vividos e exclamados por quem conhece, conheceu e viveu os carnavais antigos da capital gaúcha.

O Carnaval de Porto Alegre - História

Assim como as Tribos Carnavalescas outras manifestações populares contribuiram de certa forma para a propagação, bem como o prestigio do carnaval de rua em Porto Alegre.
Na história do nosso carnaval gaúcho temos as manifestações dos blocos carnavalescos " humorísticos". Esses blocos por sua vez disfilavam pelas ruas da cidade em meados da década de 60, e sua característica principal eram suas mensagens de alto teor político, que de certa forma importunava as elites e autoridades da época. Dentre os que marcaram a história podemos citar, To com a vela, Canela de Zebu, Te arremanga e Vem, Saímos sem querer, Tira o dedo do pudim e outros. A extinção destes grupos carnavalescos atribui-se a influência do modelo carioca das escolas de samba com sua beleza espetácular . A critica aguda contra política pesou um pouco. Os blocos humoristicos foram eliminados pela prefeitura em 1970.
Do carnaval portoalegrense também temos como ênfase histórica, as bandas, que de certa forma fortaleceram o carnaval de rua. Dentre delas retratamos algumas como, a DK, Saldanha Marinho, Medianeira, Por causa de quê, Areal da baronesa, JB, Filhos da Candinha, Comigo ninguém pode, IAPI, e muitas outras perdidas na memória histórica de Porto Alegre. Seja como for, elas contribuiram para com o crescimento do carnaval de rua da capital. Muitas delas desapareceram ou se transformaram em escola de samba. Um estaque também de menção honrosa, são as Muambas, uma característica exclusiva do carnaval de Porto alegre.
Antigamente, segundo Heitor Carlos Sá Britto, a Muamba era uma forma de arrecadar dinheiro para o desfile oficial e ocorria em diversos pontos da cidade. O pavilhão da escola era carregado aberto e as pessoas jogavam moedas ali. Em 1977, Guilherme Socias Villela, Prefeito, oficialisou as Muambas que de certa forma perderam assim essa espontaniedade. Segundo Luciana Prass, a Muamba consiste num ensaio geral, tantos dos blocos, tribos, quanto agremiações ou escolas de samba. São caracterizadas pela aglomeração do povão que vem atrás fazendo alegria e dando apoio moral as suas agremiações de prestígio. Geralmente a Muamba antecede o carnaval, servindo como uma passagem técnica do desfile oficial. Uma das atuais polêmicas do carnaval de Porto Alegre, parte na formulação de um Desfile Técnico, pra variar como o modelo do Rio de Janeiro. É bom termos cuidado com o que é nosso e exclusivamente daqui. por que esse é um dos motivos, do por que que nossas culturas mais populares, vão sumindo do carnaval de Porto Alegre.

As Tribos Carnavalescas de Porto Alegre

Até 1946, dentre os grupos, cordões, corsos, os blocos carnavalescos eram a grande sensação do carnaval de rua. Após o fim da segunda guerra mundial, Hemérito Barros e Rubens Silva, dois compositores, integrantes dos "22 rapazes" que circulavam pelos coretos da cidade cantando marchinhas nos dias de desfile, introduziram no denominado "Carnaval da Vitória", uma nova cultura popular, de nome "Caetés". Fundada em 19 de abril de 1945 por ambos amigos, nascera os Caetés, marcando o inicio de novo formato carnavalesco e popular na capital gaúcha. A nova idéia carnavalesca, segundo Claudio Brito, partira da experiência religiosa de Barros, o que de certa forma pela influência dos terreiros da religião de matriz africana, suas performances musicais tinham lá esta inspiração.
A idéia dera certo e começara a agradar o povo na época. Fundindo os ritmos africanos através de instrumentos indígenas e vice-versa, os Caetés desfilavam com muita alegria e empolgação pelas ruas de Porto Alegre. Iniciavam os desfiles pela Getulio Vargas, passavam pelos coretos da cidade baixa até o centro da capital. Desfilavam na Borges de Medeiros, e lá faziam suas apresentações, exibiam suas coreografias, alegorias, adereços de mão relacionados á marchas.Voltavam pela Andradas, Santana e chegavam ao Menino Deus.
Os Caetés foram figuras importantes no carnaval de rua da cidade, despertando culturalmente outras tribos carnavalescas, na qual seguiam a mesma tradição. Logo surgira Os Arachaneses, Os Aymorés, Os Bororós, Os Charruas, Os Navajos, Os Potiguares, Os Tapuias, Tapajós, Os Tupinambás, Os chavantes e muitas outras. Durante a década de 50 e 60, as tribos comandaram os carnavais da cidade e em grande número de concorrentes abrilhantaram as ruas. Acredita-se que a forte intervenção com que o modelo carioca das escolas de samba conquistou os foliões e os olhos dos adeptos de um carnaval espetacular, tenha sido o razão do desaparecimento das culturas mais simples e populares. Assim, como as tribos, outras manifestações carnavalescas surgiram, encantaram, abrilhantaram, extinguiran-se ou se transformaram em outras agremiações carnavalescas. Das tribos carnavalescas, restaram atualmente duas: Os comanches e Os Guaianazes que desfilam no complexo do Porto Seco nas noites de carnaval. As tribos historicamente tem seu papel fundamental na historia carnavalesca da cidade.